Campanha da divisão perde fôlego

A seis dias do plebiscito, a frente favorável à divisão do Pará enfrenta uma crise gerada pela perda do tempo de campanha no rádio e na TV e a falta de mobilização nos principais redutos.

O plebiscito ocorrerá no domingo. Caso a frente pela separação ganhe, serão criados mais dois Estados, Carajás e Tapajós, e o Pará terá seu território reduzido.

Ontem, o cenário de tensão entre as duas alas se agravou com ataques do governador Simão Jatene (PSDB) ao marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha da separação.

Jatene afirmou no horário eleitoral não aceitar que "vendedores de ilusões sem identidade com o Pará" tratem "nossa gente como galos em uma rinha".

A declaração foi uma referência ao episódio envolvendo Duda, detido em 2004 pela Polícia Federal por participar de rinhas de galo.

O governador ganhou direito de resposta a vídeos elaborados por Duda sugerindo que o tucano é responsável pela pobreza no interior do Estado. Advogados dos separatistas recorrem da decisão da Justiça Eleitoral.

Como o horário eleitoral acaba hoje, a campanha pela criação dos Estados pode ficar sem desfecho no rádio e na TV --os direitos de resposta ocupam quase todo o tempo dos separatistas.

Líderes tentam exibir na internet as propagandas barradas pela Justiça Eleitoral.

Além disso, simpatizantes da frente antidivisão espalharam que Duda teria abandonado a campanha adversária por desentendimentos com o comando da campanha.

À Folha o marqueteiro reagiu: "Sou mais 'Sim' [pela separação] do que nunca. Será uma pena para o povo se a força do dinheiro do governo conseguir amedrontar e enganar a população carente. Minha luta não acaba com o plebiscito".

Nos bastidores congressistas afirmam que as pesquisas indicando vitória da frente contra a divisão do Pará desestimularam aliados pelo temor de desgaste político com a derrota. Os recursos, dizem, também rarearam.

Segundo o Datafolha, houve aumento na rejeição à partilha do Estado: 62% dos eleitores se opõem à formação do Carajás e 61% são contra a criação do Tapajós.

Líderes da frente pelo desmembramento disseram que a saída na reta final será buscar apoio no entorno populoso de Belém.

"Estamos muito animados porque pessoas já mudaram de lado", disse o deputado estadual João Salame (PPS), um dos líderes pró-divisão.

Há dificuldade, entretanto, na realização dos últimos eventos da campanha. Em Santarém e Marabá, os próximos atos serão carreatas só na sexta e no sábado.

"Os ataques ao Jatene foram um tiro no pé. Eles perderam os últimos programas no horário eleitoral", disse o deputado Zenaldo Coutinho (PSDB), presidente da frente contra Carajás.

Folha.com

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