POR GIOVANNA BALOGH
14/02/14 08:34
Eles são mais práticos. Você agita, tira o canudinho do saquinho plástico, espeta na caixinha e pronto. Seu filho já pode se hidratar com um suco geladinho. Fora que a criança não vai olhar torto para aquela caixinha com o desenho de seu personagem favorito e vai querer levar para qualquer lugar, como no lanchinho da escola. Mas, quanto estamos pagando por essa tal praticidade?
Uma pesquisa realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) divulgada nesta semana faz um alerta aos pais. Ao beber a maioria desses sucos, nossos filhos estão consumindo muito açúcar e pouca fruta. De acordo com o Idec, foram testados em laboratório 31 mostras de néctares de sete marcas: Activia, Camp, Dafruta, Dell Vale, Fruthos, Maguary e Sufresh, em diferentes sabores.
Todas as amostras foram aprovadas na maioria dos quesitos técnicos, como acidez total. Porém, no que diz respeito à quantidade de fruta, dez produtos (32%) foram reprovados. De acordo com o estudo, eles simplesmente não contêm o teor de polpa ou suco de fruta exigido por lei. Segundo a norma do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento atualmente em vigor, o percentual mínimo de fruta varia de 10% a 40%, dependendo do sabor do néctar.
O Idec informou que a marca Maguary teve o pior resultado: três dos cinco néctares da marca avaliados têm uma quantidade menor de fruta do que o esperado. As marcas Camp, Dafruta, Fruthos e Sufresh tiveram, cada uma, dois sabores reprovados nesse quesito. Somente as bebidas da Activia e da Dell Vale foram aprovadas em todos os sabores.
Por incrível que pareça, a legislação brasileira não obriga os fabricantes a declararem o teor de açúcar na tabela nutricional. Também não há um parâmetro nacional para avaliação do teor deste ingrediente, então, o Idec usou como base um semáforo nutricional que é utilizado no Reino Unido.
Neste teste, os produtos são classificados nas cores vermelho, amarelo e verde. Os que são classificados como vermelho, caso do Activia e do Dell Vale, por exemplo, tem mais de 12,5 gramas para cada 100 ml. A maior parte das amostras analisadas (67%) receberam a cor amarela, ou seja, tem entre 5,1 e 12,4 gramas para 100 ml.
A nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto, diz que muitas pessoas confundem néctar com suco. Segundo ela, o suco é feito praticamente só de fruta (e de água, em alguns casos) e não pode conter substâncias “estranhas”; já o néctar, além de apresentar só uma parcela de fruta, ainda contém açúcar e aditivos químicos, como corantes e antioxidantes.
Depois de ser feita a pesquisa, o Idec lançou uma ação chamada “Agite (-se) antes de beber”. A ideia é orientar e conscientizar os pais sobre levar esse tipo de produto para dentro de casa. Um vídeo foi feito para mostrar a reação de quatro crianças com idades entre 6 e 12 anos lendo o rótulo de bebidas que elas costumam beber. “Os pais precisam saber que são bebidas açucaradas e que, assim como os refrigerantes, não podem ser consumidas sem restrição”, explica a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto.
No vídeo, é possível ver uma das crianças ficar surpresa ao ver que no suco de uva também tem suco de maçã. O chamado mix de sabores é muito comum, porém, na caixinha é dado destaque para uma única fruta. Segundo o Idec, o mix de sabores não é proibido, desde que haja pelo menos 30% do ingrediente natural. “Como o suco de maçã é mais barato, ele é adicionado em outros sucos. Para chegar mais perto do suco de uva, por exemplo, eles acabam utilizando mais aromatizante e corantes”, comenta.
O levantamento mostrou ainda que as marcas Dafruta e Maguary são as que mais fazem mix de sabores e só informam ao consumidor em letras pequenas na lateral da embalagem e com cores que dificultam a leitura, diz o Idec. As duas marcas foram reprovadas também no teste na avaliação de rotulagem.
QUAIS AS ALTERNATIVAS?
A nutricionista aconselha os pais a fazer suco natural em casa e congelar na quantidade que a criança vai levar, por exemplo, para a escola. “Na hora do lanchinho ele estará gelado e na temperatura ideal para ser consumida”, orienta. Segundo ela, o suco também não deve ser coado pois boa parte dos nutrientes e fibras são perdidos desta maneira. Outra dica é preferir consumir sempre que possível a fruta in natura e beber muita água.
Como nós não conseguimos identificar direito o que está escrito naquelas letrinhas minúsculas nas embalagens, a nutricionista aconselha a procurar produtos que tenham a menor lista. “Quanto mais produtos, mais artificial é”, comenta.
OUTRO LADO
A Ebba, responsável pelas marcas Maguary e Dafruta, afirma que todos os néctares que foram analisados apresentam o percentual de fruta correto, conforme estabelecido pela legislação. Em nota, a empresa afirma que a comprovação veio por meio de laudos de contraprova de testes feitos pelo laboratório da Unesp.
Já General Brands, da marca Camp, afirma que todas as medidas necessárias para a verificação dos produtos apontados na análise estão sendo tomadas e que está encaminhando a amostras para reanálise.
A WOW! Nutrition, que responde pela marca Sufresh, afirma prezar pela qualidade de seus produtos, respeito aos direitos dos consumidores e a legislação. A empresa informa que conduzirá novas análises nos néctares avaliados e, “caso sejam comprovadas as divergências apontadas pelo instituto, a empresa tomará as medidas necessárias “.
A Del Valle afirma que a avaliação do Idec confirma que a empresa atua de acordo com a lei e que não usa conservante ou corantes artificiais. A empresa diz ainda que a lei não estabelece um valor diário de referência para o consumo de açúcares e que respeita o limite mínimo estabelecido. A Danone, dona da marca Activia, garante que seus produtos estão de acordo com a legislação.
Procurada, a Bebidas Brasil Kirin, produtora do Fruthos, não retornou o contato do Maternar.
Fonte: Blogue Maternar
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