"Se depender desses Panicopas (os profetas do pânico na Copa), essa será a mais triste de todas as copas".
O termo "Panicopas" e a frase acima são de Antonio Lassance, doutor em Ciência Política, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e "torcedor da Seleção Brasileira de Futebol desde sempre". Estão em longo artigo publicado em Carta Maior (reproduzido aqui neste blogue), que desmorona "a desinformação" que "alimenta o festival de besteiras" ditas contra a Copa no Brasil.
"Existe uma campanha orquestrada contra a Copa do Mundo no Brasil. A torcida para que as coisas deem errado é pequena, mas é barulhenta e até agora tem sido muito bem sucedida em queimar o filme do evento", assinala o autor logo no início do texto.
Antes de mostrar os números econômicos que já demonstram ser a Copa um evento de grande impacto positivo na economia do país, na sedimentação do Brasil como potência emergente e no amadurecimento de uma Nação que se reencontra, o pesquisador lança argumentos para desmascarar os Panicopas e seus replicantes. Eis alguns:
" Tiveram, para isso, uma mãozinha de alguns governos, como o do estado do Paraná e da prefeitura de Curitiba, que deram o pior de todos exemplos ao abandonarem seus compromissos com as obras da Arena da Baixada", (que por pouco não ficaria comprometida como sede);
"A arrogância e o elitismo dos cartolas da Fifa também ajudaram. Aliás, a velha palavra “cartola” permanece a mais perfeita designação da arrogância e do elitismo de muitos dirigentes de futebol do mundo inteiro";
"Mas a campanha anticopa não seria nada sem o bombardeio de informação podre patrocinado pelos profetas do pânico";
"O objetivo desses falsos profetas não é prever nada, mas incendiar a opinião pública contra tudo e contra todos, inclusive contra o bom senso".
"Afinal, nada melhor do que o pânico para se assassinar o bom senso";
"O grande problema é quando os profetas do pânico levam consigo muita gente que não é nem virulenta, nem violenta, mas que acaba entrando no clima de replicar desinformações, disseminar raiva e ódio e incutir, em si mesmas, a descrença sobre a capacidade do Brasil de dar conta do recado".
Prossigo destrinchando o artigo do pesquisador, agora em relação aos números. Veja o que ele escreve, e compare com as conversas que tem ouvido:
"Não conheço uma única pessoa que fale dos gastos da Copa e saiba dizer quanto isso custará para o Brasil. Ou, pelo menos, quanto custarão só os estádios. Ou que tenha visto uma planilha de gastos da copa";
"A “Copa” vai consumir quase 26 bilhões de reais";
"A construção de estádios (8 bi) é cerca de 30% desse valor";
"Cerca de 70% dos gastos da Copa não são em estádios, mas em infraestrutura, serviços e formação de mão de obra";
"O gastos em aeroportos (6,7 bi), somados ao que será investido pela iniciativa privada (2,8 bi até 2014) é maior que o gasto com estádios";
"O ministério que teve o maior crescimento do volume de recursos, de 2012 para 2013, não foi o dos Esportes (que cuida da Copa), mas sim a Secretaria da Aviação Civil (que cuida de aeroportos)";
"Quase 2 bi serão gastos em segurança pública, formação de mão de obra e outros serviços".
O autor mostra também que os gatos previstos com educação e saúde cresceram, "Não por causa da Copa, mas independentemente dela".
"No que se refere à segurança pública, também haverá mais recursos para a área. Aqui, uma das razões é, sim, a Copa", acrescenta.
"Os estádios, que foram malhados como Judas e tratados como ícones do desperdício, geraram, até a Copa das Confederações, 24,5 mil empregos diretos. Alto lá quando alguém falar que isso não é importante", constata o pesquisador.
Em recente matéria, o jornal Folha de São Paulo, com base em números do Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Micro Empresas (Sebrae), mostra que pequenas e micro-empresas já faturaram com artigos e eventos ligados à Copa mais de R$ 350 milhões. Até a Copa, estas e outras tantas aumentaram os ganhos acima de R$ 500 milhões. Isto representa, mais arrecadação, mais empregos, mais crescimento.
Outra grande desinformação, para não dizer mentira mesmo, é que os turistas estrangeiros estão com medo de visitar ao Brasil.
"De tanto medo do Brasil, o turismo para o Brasil cresceu 5,6% em 2013, acima da média mundial. Foi um recorde histórico (a última maior marca havia sido em 2005). Recebemos mais de 6 milhões de estrangeiros. Em 2014, só a Copa deve trazer meio milhão de pessoas. De quebra, o Brasil ainda foi colocado em primeiro lugar entre os melhores países para se visitar em 2014, conforme o prestigiado guia turístico Lonely Planet", escreve o pesquisador. E questiona:
"Adivinhe qual uma das principais razões para a sugestão? Pois é, a Copa".
Outro ponto: a desinformação de que "a Copa é uma forma de enganar o povo e desviá-lo de seus reais problemas". Uma baboseira. Como diz o autor, o país tem problemas sim, de infra-estrutura portuária, de rodovias, ferrovias, etc, etc, etc... "mas que não foram causados e nem serão resolvidos pela Copa".
Reconhece que "muitas coisas não ficarão prontas antes da Copa, o que é um grave problema", "mas isso não é um grave problema. Tem até um nome: chama-se “legado”".
Outro legado da Copa, este "imaterial", na definição do pesquisador, "mas que pode fazer uma boa diferença", é a medida provisória enviada pela presidente Dilma Rousseff e aprovada pelo Congresso, que entra em vigor em abril deste ano, que limita o tempo de mandato de dirigentes esportivos, "e obriga as entidades (não apenas de futebol) a fazer o que nunca fizeram: prestar contas, em meios eletrônicos, sobre dados econômicos e financeiros, contratos, patrocínios, direitos de imagem e outros aspectos de gestão. Os atletas também terão direito a voto e participação na direção. Seria bom se o aclamado Barcelona, de Neymar, fizesse o mesmo".
Os Panicopas tem seu viés político-eleitoreiro. Juntam as desinformações sobre a Copa e o terrorismo psicológico das manifestações de ruas. Ninguém de bom senso (nem mesmo os Pabicopas, que não tem bom senso), são a favor de vandalismo.
As manifestações são o amadurecimento da democracia, assim como o foram os movimentos grevistas nos resquisícios da Ditadura Militar para a consolidação da abertura política.
Protestar por mais verbas para a educação e a saúde; contra a corrupção, a impunidade, a violência, a desigualdade social, as injustiças contra as minorias (no caso das mulheres, a maioria), é um direito legítimo de um povo que, pela primeira vez, compreendeu o sentido de cidadania.
Agora, preocupante mesmo, é ver que nas últimas semanas os profetas de todos os apocalipses se juntaram nas redes sociais para glorificar o regime militar, cujo golpe completa 50 anos neste março que se aproxima. Não sabem, ou não querem saber, que se estivéssemos sob o Regime não poderiam protestar na internet, ou estaria presos por isso, ou então seguidos e perseguidos, suas famílias vigiadas, alguns sequestrados ou desaparecidos, ou mortos.
Xô, agourentos!
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