MAIS RICO Filho do dono da construtora CR Almeida, candidato ao Senado tem patrimônio de RS 740 milhões


Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo

"Um homem de sensibilidade diferente." Assim o paranaense Marcelo Beltrão Almeida, 47, o candidato mais rico do Brasil, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), se define. Concorrente ao Senado pelo PMDB, na chapa com Roberto Requião, que disputa o governo do Estado, Almeida possui um patrimônio de R$ 740,5 milhões, composto por 16 imóveis, oito veículos, aplicações e ações.

Avesso ao mundo dos negócios, Marcelo herdou a riqueza do pai, o engenheiro e empresário Cecílio do Rego Almeida, morto em 2008, aos 78 anos. Mais de 90% do patrimônio do candidato ao Senado (R$ 676 milhões) corresponde às cotas da empresa Participare, que pertence ao grupo CR Almeida.

"Quando fui vereador, com 23 anos, já tinha esse rótulo [de político mais rico do Brasil]. Não tem jeito. Fui diretor do Detran do Paraná, deputado federal. É um rótulo que me persegue. Não fui eu que fiz [o patrimônio]. Não participo das empresas. É uma coisa que herdei. Não tenho vergonha disso, não", afirmou em entrevista ao UOL.

O CR Almeida foi fundado por Cecílio em 1952 e se transformou em um dos maiores grupos privados do Brasil em meio à ditadura militar brasileira. Por ter boas relações com os militares, engenheiro conseguiu fazer contratos de grandes obras em todo o país.

Hoje, o grupo CR Almeida reúne mais 30 empresas e um patrimônio de quase R$ 10 bilhões. Entre as áreas de atuação estão construção pesada, portos, logística, mineração, pedágios e concessão de estradas --como o sistema Anchieta-Imigrantes, em SP.

Em 2010, quando tentou uma vaga na Câmara dos Deputados, o patrimônio de Marcelo era de R$ 156 milhões. Ou seja, em quatro anos, houve um crescimento de 372%, sem considerar a inflação do período. O aumento é explicado pelas ações herdadas do pai, que dividiu o patrimônio com a mulher e os seis filhos (Marcelo é o caçula).

Além do CR Almeida, Cecílio ficou conhecido por ter obtido ilegalmente a fazenda Curuá, na região central do Pará, com 4,8 milhões de hectares, área maior do que a Holanda. A fazenda era composta por áreas públicas, como terras indígenas e reservas ambientais. O MPF (Ministério Público Federal) considerou a aquisição da fazenda a "maior grilagem do mundo", e a Justiça Federal ordenou, em 2011, que a área fosse devolvida à União.

Amizade com Requião
No Paraná, Cecílio vivia às turras com Requião, quando este era governador do Estado. O preço dos pedágios era um dos temas que opunham ambos. O empreiteiro também acusava o pemedebista, tradicional aliado do MST, de incentivar invasões dos sem-terra às suas propriedades.

Já a relação entre Requião e Marcelo sempre foi diferente. "A minha história com o Requião é de pura fidelidade e amizade", afirma o candidato ao Senado. "Tô com Requião há 22 anos. Ele me fez vereador, me fez diretor do Detran e agora me convidou para concorrer ao Senado."

Questionado sobre se não há contradição em uma chapa formada pelo candidato mais rico do Brasil e um político de convicções esquerdistas, próximo dos movimentos sociais, como Requião, Marcelo afirma: "sou mais à esquerda que ele. Fui vereador mais à esquerda que o PT. Tenho voto no PSTU, no PSOL, todas as portas abertas no PT. Não é porque eu tenho um patrimônio grande que seja obrigado a ser de direita."

Marcelo estima que sua campanha custará R$ 6 milhões, bancada com recursos próprios. O candidato considera "uma campanha barata" para os moldes brasileiros.

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