Bom, como nós fomos rebaixados - de novo - e o Morcegão do jornal do fim de noite recomenda, esqueçamos o Brasil, vamos investir no Big Brother.
- Senhor!, dono de sua budega, esqueça. Esqueça o governo, as tendências mundiais, os gráficos divinos, a canção que o senhor gostava, que o leva sempre aos bons tempos, esqueça trabalhador, sua escola e a dos seus, o seu quintal. Dê audiência. Mate seu sono e seu cansaço. Esqueça as regras matinais, e convide os seus para viverem essa experiência de ontem no final da boca noturna.
Somos filhos das inexatas interpretações...
Gaste. Ligue e escolha. O senhor vai ver que é bom, sério!
Invista na Globo. Seu dinheiro terá retorno. Grande.
Alimentamos "monstros" maravilhosos, e os "monstros" maravilhosos.
Gostamos de atores, técnicos, jornalistas, e contra-regras, ilusionistas e efeitistas, simples vigias, e motoristas de carrinhos... Gostamos do refrigerante, da cerveja, da roupa, da carne, do macarrão, dos anunciantes anunciados pelos "anunciados"... Do laboratório, do diretor, das frases, do enredo, das imagens, dos lugares, da infância, das estórias à luz da tela, dos pequenos poetas que se veem grandes, das soluções intrigantes dos roteiristas, dos heróis fantasiados, das reprimendas dos reprimidos, da liberdade dos libertários e dos sonhadores libertos, dos libertos sem sonho, é assim...
Assim mesmo.
Desse jeito maravilhoso e decadente, ao mesmo tempo.
Uma máquina maravilhosa, nos levando a um tempo que não é mais nosso. É um amor cheio de certezas, verdades e exclusividades, e, terrivelmente, alienante e inclusivista, para ele.
É ligar o fogão e encontrar a fome, ou inibir as derrotas e entrar no andar dos vencedores.
Um otimismo matando o nosso pessimismo íntimo.
Um mundo tão real que se tornou real.
Esqueça o Brasil. Melhor dar audiência.
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