A eleição para a presidência da Câmara de
Vereadores, na primeira hora de 2017, é, sem dúvida, a mais acirrada da
história política de Imperatriz. E a mais contundente, de ambos os
lados. Inédito é o fato também de um prefeito recém-eleito envolver-se
pessoalmente, no varejo, para captar votos ao seu candidato, decisão
tomada ao largo de conselhos de seu próprio partido e, agravante,
quebrando a própria palavra do próximo mandatário de que não se
envolveria na disputa.
Para os protagonistas, a história já lhes reservou sua página futura.
Políticos são jogadores na estratégia de avançar e recuar, negociar
acordos às avessas da lógica dos amadores, abrir o flanco e falsear,
buscar a retaguarda na espera do melhor ataque.
Dizem que “a política é a arte de trair”. Pode ser! Para os que não entendem sua teia de reviravoltas.
Filho de político, mas estreante em mandato popular, o prefeito
eleito Assis Ramos escolheu pagar o preço quando entrou no jogo, e agora
a distensão entre os dois poderes bateu no limite.
Antes apenas uma sucessão interna de roteiro traçado, com a
declaração do prefeito eleito segundo a qual manteria distanciamento
institucional, a eleição agora é quase uma disputa pessoal entre ele,
Assis Ramos, e seu grupo de novatos assessores e o atual presidente da
Câmara, José Carlos Soares - concorrente a mais um biênio na cadeira da
presidência.
Seja quem for o vitorioso na disputa, os estilhaços da refrega terão
de ser recolhidos em momento delicado da crise institucional em que vive
o país.
Não se trata se retaliar a próxima administração, caso José Carlos
vença, mas de uma nova articulação para se normalizar as relações entre
os dois poderes.
Se José Carlos perder, ele não perdeu, não afetará seu patrimônio
eleitoral, nem reduzirá sua importância nos debates que se seguirão no
parlamento municipal.
Caso Fábio Hernandez ganhe, será uma vitória de coragem e de barganha política.
Entretanto, seja qual for o resultado, o maior perdedor da disputa é
Assis Ramos. Conseguiu desgastar-se com a ala mais antiga do PMDB, seu
partido, e com metade da Câmara. Pessoalmente, terá de refazer sua
relação com José Carlos, de quem pediu, e teve atendidos, gestos
importantes com a votação de pelo menos três matérias agora no final da
atual legislatura.
Em política, segundo os entendidos, gesto se paga com gesto.
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