Robert Lobato
Virou comum aqui no Maranhão, o discurso de que deve haver uma espécie de choque de geração na política do estado.
Os ex-deputados federais Roberto Rocha (PSB) e Flávio Dino (PC do B) são os políticos que mais evocam esse discurso, até por motivos óbvios, já que são representantes de uma geração que substituirá a atual, marcada por personalidades como João Castelo, Cafeteira, Lobão, Roseana Sarney etc.
Antes de qualquer dúvida que possa pairar, sou daqueles que concordam com o poeta: “o novo sempre vem”. Contudo, o discurso de quem chega (novo) não pode excluir o de quem sai (velho) de forma, digamos, mecânica. Esse processo é dialético.
Não é por acaso que cresce vertiginosamente no Brasil o número de empresas que abrem vagas para a chamada terceira idade, o que mostra que a iniciativa privada está de olho no potencial dos caras de cabelos brancos.
Ao invés de limitarmos o discurso meramente em termos de substituição de uma geração por outra, penso que devemos falar em relação “intergeracional”, onde o “novo” interage, se relaciona com o “velho”. Daí surgem algumas questões importantes. Assim:
Relação intergeracional
As gerações novas e antigas devem interagir entre si, onde o mais novos oferecem o vigor da juventude, a rebeldia, a inquietação, a motivação para a mudança; e os mais velhos contribuem pelo acúmulo da experiência, pelo equilíbrio na hora de decidir e a cautela ao agir.
Ao contrário de substituir uma por outra simplesmente, em verdade as gerações devem somar-se numa dimensão holística, de troca de cultura e de conhecimento, a necessária relação dialética entre a ousadia do jovem e a prudência dos mais velhos.
Nesse sentido, o discurso da mudança da “velha geração” pela “nova geração” pode até ser eleitoralmente correta, mas não o é do ponto de vista político, e dependendo da forma e da intensidade de como é defendida, pode ser até reacionária.
Cultura F5
Denomino de “Cultura F5″, um conjunto de habilidades que um gestor tem de perceber que a gestão deve está sempre em processo de atualização. Gestor que não tem a capacidade de atualizar-se de fato não merece ser, sequer, chamado de gestor. É, no máximo, um chefe que possui autoridade administrativa porque “manda”, porque tem, entre outras coisas, a atribuição de demitir, por exemplo.
Isso nada tem a ver com “geração”, mas com uma cultura que está impregnada na nossa sociedade como um todo e, em particular, na maranhense.
Tem muita gente “nova” por aí que é intolerante, que tem dificuldade de aceitar críticas, que é centralizador, que não é proativo, que pensa, pensa e não age, enfim, que tem discurso moderno, mas que na prática faz igualzinho à galera: João Castelo, Cafeteira, Lobão, Roseana Sarney etc.
Possuir uma cultura F5 é uma demonstração não somente de inteligência gerencial, mas passar a ser uma questão de sobrevivência profissional, política e até pessoal. E vale tanto para as novas como para as velhas gerações.
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