É uma onda?

 Olá,

Neste mesmo horário, na próxima segunda-feira, pode ser que muita coisa esteja diferente. Escrevo tomada por uma sensação que vem crescendo (e acho que não só em mim) nos últimos dias. 

Eleições muito polarizadas costumam se decidir em ondas. Você deve se lembrar do clima que se criou em setembro de 2018, sobretudo depois que Jair Bolsonaro foi atingido em Juiz de Fora. Ocupando um tremendo espaço na TV, apoiado por líderes do agronegócio, do mercado financeiro, de grandes igrejas evangélicas e militares. Em dado momento desenhou-se uma inequívoca "onda bolsonarista". Essa onda veio à tona com tudo na noite do primeiro turno: governadores novatos no segundo turno (destaque para Zema e Witzel) e deputados e senadores bolsonaristas eleitos com expressiva votação. 

Parece que outros ventos sopram no Brasil de 2022. Não quero comparar a atual eleição com a última, tampouco fazer previsões de como ficará a configuração do Congresso Nacional. Não é isso. Mas parece que vivemos uma onda diferente. A cada dia, o ex-presidente Lula reúne novos apoios no campo político. Vale citar aqui Miguel Reale Júnior e o PSDB de Goiás. Diversos artistas também têm se posicionado. E não falo das figurinhas carimbadas, Chico Buarque ou Caetano Veloso. Poderia citar Anitta, mas quero lembrar que, na semana passada, Konrad Dantas, o KondZilla, fundador da produtora cultural paulista que leva seu nome artístico, se encontrou com Lula. (Talvez você não o conheça, mas te garanto que 9 entre 10 jovens sabem bem o que ele faz).

O ponto central aqui é: eleições polarizadas costumam gerar ondas. E esta eleição parece não ser diferente. De acordo com o Datafolha mais recente, 78% dos brasileiros já estão totalmente decididos sobre seu voto. Já não há espaço para outras vias, a imensa maioria dos eleitores está decidida a ir com os dois principais presidenciáveis. Talvez por isso, em meio à onda dos últimos dias, cresceu também a conversa sobre o voto útil. 

A última pesquisa Quaest, divulgada no dia 21, dá boas dicas sobre isso. De acordo com ela, 26% dos eleitores de Ciro, Tebet e outros candidatos dizem que mudariam o voto para que Lula vença no 1º turno. Isso dá o dobro do que Lula precisa para ganhar. A onda terá força para contagiar esses eleitores? Saberemos em poucos dias. 

O que eu sei é que a onda me pegou e pegou também a redação do Intercept. E, atenção, o foco aqui não é celebrar a eleição de um candidato, mas o flagrante alívio que todos sentiremos com a derrota de Bolsonaro. Alívio, alegria, esperança, satisfação. O que mais?

Pode ser que estejamos perto de acordar desse imenso pesadelo. Sabemos que nem todos os problemas do país se resolvem nas urnas. Bolsonaro, ao que tudo indica, terá quase um terço dos votos válidos. Precisaremos encontrar o meio de lidar com a extrema direita que tanto se fortaleceu nesses anos, com o aumento desenfreado do armamento nas mão de civis, com os milhares de militares empregados no governo, com a fome e o desemprego. Teremos que reunir forças para que a família Bolsonaro e seus cúmplices sejam responsabilizados por tudo que fizeram com o povo brasileiro. 

Há uma longa jornada pela frente, sem dúvida. Mas antes dela, parece haver uma onda. E dessa vez ela parece ser favorável à democracia. Mas ainda há muita incerteza.

Por isso, quero te pedir para prestar atenção na cobertura do TIB. É reta final e não dá para deixar nada passar. Nosso trabalho está a todo vapor e isso só é possível porque mais de 14 mil pessoas nos apoiaram ao longo deste mês. Fica aqui meu agradecimento a todos vocês. 

Este número é alto, mas ainda não dá conta de todo o recurso que investimos durante esse período. Então, se puder, a hora é agora. O mês acaba no fim da semana e todo apoio que recebermos será muito importante para concluirmos as reportagens que estão em andamento. 

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Mariana Castro
Diretora de Novos negócios
The Intercept Brasil

NE: Texto publicado originalmente em The Intercept Brasil

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