Fonte: Sedihpop
20/02/2018
Ouvir o choro do filho nos primeiros instantes de vida é o momento mais
aguardado pela maioria das mamães durante os nove meses de gestação.
Para a dona de casa Maria Lúcia Sousa, 32 anos, essa espera acompanhava
motivos ainda mais especiais. Lúcia é surda e pela primeira vez pôde ter
o acompanhamento de uma intérprete de libras durante o parto e conhecer
todos os detalhes até a chegada do filho Michael.
O parto aconteceu na segunda-feira (19), no Hospital e Maternidade de
Alta Complexidade do Maranhão, na Cohab, e foi o segundo parto realizado
no Brasil com o acompanhamento de intérprete de libras na rede pública
de saúde. O bebê, que nasceu de um parto cesáreo, é saudável, mede 56 cm
e pesa 4,8kg.
“Foi muito bom. Nem sei explicar a emoção. Estou muito feliz, me senti
muito protegida. Foi um sonho! Sempre que eu dormia eu sonhava com esse
momento, com a intérprete aqui comigo, foi maravilhoso. Um verdadeiro
sonho realizado. Agradeço a todos os envolvidos, todo mundo. Das outras
vezes não tive isso. Agora só desejo que meu filho cresça com saúde e
que estude. Estude muito, para ser alguém na vida. Estou muito feliz!”,
conta a mamãe emocionada.
Michael é o quarto filho do casal Maria Lúcia e Cleiton e durante toda a
gestação eles tiveram o acompanhamento das intérpretes da Central de
Interpretação de Libras (CIL), nas consultas médicas, exames, ultrassons
e até na sala de cirurgia. O parto estava agendado para a semana que
vem, porém Lúcia sofreu um rompimento e perdeu bastante líquido,
precisando passar por uma cirurgia de emergência, para assegurar a saúde
da mãe e do bebê. O parto foi tranquilo e a criança nasceu na
segunda-feira às 18h50, pontualmente.
O cirurgião obstetra responsável pelo parto, Clemilson Alves Silva,
ficou surpreso e ao mesmo muito feliz em fazer parte deste momento. “A
sociedade merece isso, o povo maranhense merece isso. A paciente precisa
saber o que está acontecendo com ela. Para nós da área da saúde ainda
falta isso, essa possibilidade de diálogo com essa paciente que sofre de
surdo-mudez. Essa possibilidade de dar informação para ela, orientar,
dizer o que está acontecendo, tenho certeza que ela se sentiu mais
segura nesse momento. Eu nunca imaginei que pudesse me deparar com uma
situação assim e aprender alguma coisa na linguagem de libras, esse
momento foi muito interessante para mim, fiquei muito feliz em poder
participar”, conta o médico.
O Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, em conformidade com
o procedimento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição do Brasil
institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a
promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das
liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando a sua
inclusão social e cidadania. Para fins de aplicação desta lei estão
previstas ainda a garantia de direitos básicos como acessibilidade,
comunicação informação e igualdade, previstos nos artigos 3º ao 6º.
No ano passado, o Governo do Maranhão garantiu o acompanhamento de uma
intérprete de libras durante o parto da gestante Louise Ludmilla e
recebeu da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
(FENEIS) a oficialização pela garantia dos direitos das pessoas surdas,
por feito inédito, que assegurou às mulheres maranhenses o direito
básico à comunicação durante o nascimento de seus filhos. Agora, pela
segunda vez, o feito se repete o que indica que o Maranhão está
caminhando pela direção correta, garantindo às parturientes um direito
que é garantido a elas e que por gerações foi negligenciado, mantendo
essas mulheres em absoluto silêncio.
Para o secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco
Gonçalves, promover a inclusão é o princípio fundamental da Sedihpop
junto à sociedade. “A possibilidade de uma mãe poder compreender o que
está acontecendo consigo mesmo e com o seu filho na hora do nascimento é
uma questão básica de direito humano. E a Sedihpop, por intermédio da
CIL, tem se proposto e atendido as pessoas no sentido de garantir-lhe o
acesso às informações que sem a libras somente é possível aos ouvintes”,
declarou.
A secretária adjunta dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Beatriz
Carvalho, por sua vez, comemora esse novo passo. “Nós ficamos
imensamente felizes em participar desse momento tão especial na vida da
Maria Lúcia, sobretudo por saber que esta é mais um das tantas
conquistas garantidas pelo Governo do Estado, que este ano tem realizado
muitas entregas, a exemplo do uniforme escolar acessível, o plano
metropolitano de acessibilidade, a renovação do projeto travessia e
tantas outras”, celebra a secretária.
Além do acompanhamento da intérprete, Maria Lúcia foi assistida pela
equipe multiprofissional, composta por enfermeira, assistente social,
técnica de enfermagem e fisioterapeuta, capacitadas pelo Programa Saúde
em Libras, que há algumas semanas tem capacitado os profissionais das
maternidades do estado para atender de forma humanizada as parturientes
da rede pública maranhense.
Saúde em Libras
O Governo do Estado iniciou, em 6 de fevereiro, o projeto ‘Saúde em
Libras’ no Hospital e Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão, com o
objetivo de capacitar os profissionais da rede estadual de saúde,
otimizando o acesso e qualidade do atendimento e cidadania para a pessoa
surda e seus familiares durante atendimento. As Secretarias de Estado
da Saúde (SES) e de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop),
de forma integrada, implantaram o projeto pioneiro no Maranhão. Foram
capacitados 90 profissionais, divididos em três turmas de 30 pessoas,
durante os turnos da manhã, tarde e noite, adequando o horário de
trabalho do profissional de saúde à carga horária do curso de 40 horas.
O secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, observou que o projeto já
apresenta resultados positivos. “É perceptível que o ‘Saúde em Libras’
tem beneficiado as pacientes que precisam do auxílio de intérprete para
pessoa surda, confirmando que foi acertada a iniciativa da gestão do
governador Flávio Dino de investir nesse projeto”, ressaltou o
secretário Carlos Lula.
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