MARIELLE FRANCO |
O Brasil é mesmo um 'país surreal', esse jargão que explica nosso jeitinho para jogar a sujeira no cofre do esquecimento.
Raul Jungmann, o ministro, disse: "Não tenho dúvidas de que, se nós não conseguirmos desbaratar esse complô que impede que se venha à tona dos mandantes e dos executores, vai ficar muito difícil".
Ora, se o ministro tem conhecimento de um 'complô' por que não denuncia esse tal 'complô', dando nomes aos bois, ou melhor, aos interessados em abafar o caso?!
Segundo ele, são "agentes públicos, milícias, políticos (...), poderosos mandantes". Disso ministro, a memória republicana toda, sabe!
Com isso, o ministro diz com toda a sinceridade, imagino, que 'nós estamos de mãos atadas'. Disso também, ministro, a memória de todos nossos injustiçados, os PPP, sabe!
E aí vem o interventor militar do Rio, general Richard Nunes, e confirma: "... É um crime que tem a ver com a atuação política [da vereadora]".
E daí, quando se cobra que o Estado Brasileiro resguarde os direitos políticos, os direitos individuais, o direito de expressão e da livre manifestação, o direito das minorias, a voz de gelo ecoa da escuridão, "isso é coisa de esquerdopata, de direitos humanos que defende bandido" - é a voz dos 'patriotas de ocasião', aqueles que em 'momentos cívicos' se enrolam na bandeira nacional e se julgam os faróis da Nação, é a voz dos que estão se lixando para o assassinato de uma mulher, de uma política, negra, de origem humilde, LGBT.
MARIELLE FRANCO, VEREADORA DO PSOL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, E SEU MOTORISTA, ANDERSON GOMES, FORAM ASSASSINADOS A TIROS EM 14 DE MARÇO DESTE ANO. ATÉ HOJE, NINGUÉM FOI PRESO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário