Aos "geniozinhos"

Um postizinho aos novos gênios da blogosfera aqui da Terra do Frei, que tudo sabem, comentam com autoridade e ainda carregam nas costas a missão de salvar a terrinha dos maus políticos e dos costumes execráveis. Também  aos arrogantizinhos saídos dos bancos da faculdade, que não sabem escrever nem se posicionar criticamente, mas mandam como soberanos da nova era do jornalismo internético.

Manda lá Fabiano Maisonnave.

“Sobre o problema de rimar Fukushima com Hiroshima

Durante um momento delicado como a crise nuclear de Fukushima e em meio a milhares de mortos pelo tsunami, a imprensa tem a obrigação de dimensionar o problema e orientar o seu público. Para azar dos pouco mais de 250 mil brasileiros residentes no Japão, muitos dos quais só recebem notícias em português, boa parte da cobertura televisiva foi no sentido contrário, aumentando a angústia tanto da comunidade local quanto dos familiares no Brasil.

A lista de erros e exageros é extensa, mas vou ficar em dois exemplos.

Do primeiro, fui testemunha.

Cinco dias depois do terremoto seguido de tsunami que devastou o nordeste do Japão, acompanhei um comboio com dois micro-ônibus que resgatou um grupo de brasileiros isolados na região.

Cerca de uma hora depois de sair de Sendai, uma das cidades mais afetadas pelo terremoto, paramos em Fukushima. Apesar do nome em comum, fica a 60 km da usina nuclear danificada _ou seja, numa área considerada segura pelo governo japonês.

Durante a parada, um repórter do SBT aproveitou para gravar o que o jargão jornalístico chama de “passagem”. Na hora, não ouvi nada, mas chamou a atenção o fato de ele ter colocado uma máscara cirúrgica para falar diante da câmera.

Só vi depois, na internet. Pois ele afirmou que Fukushima está a apenas 30 km da usina, vive “sob o risco de um desastre nuclear” e que, por orientação do governo japonês, todos na cidade estavam usando máscaras.

Além de “aproximar” a usina para colocar a cidade dentro da área com restrições, o repórter desinformou sobre o uso da máscara. Não há nenhuma recomendação oficial sobre isso. A máscara nada tem a ver com radiação: é amplamente usada pelos japoneses nesta época do ano como proteção ao pólen da primavera e sua reação alérgica. Foi assim no ano passado e será do mesmo jeito em 2012.

Outro exemplo vem da Globo, que tem uma afiliada no Japão e, portanto, deveria ser a mais preocupada em orientar o seu público. No dia 17, depois de inflar a “fuga” de estrangeiros do país (chamou o aeroporto de Tóquio de “nações unidas pelo medo”), a reportagem do “Jornal Nacional” disse que só havia passagens para o Brasil dentro de 11 dias, “segundo agências de turismo”.

A afirmação foi desmentida no mesmo dia pelo G1, site da própria Globo, que fez jornalismo e ligou para empresas aereas: havia, sim, passagens disponíveis para o Brasil em todas as cinco companhias consultadas.

Pena que a audiência do “Jornal Nacional” é muito maior, gerando uma espécie de retroalimentação jornalística: planta o pânico num dia e depois colhe entrevistas de quem se deixou contaminar pelo exagero.

E há o mau gosto também. Ao lembrar as bombas atômicas na Segunda Guerra Mundial, um repórter da Globo, depois de falar a mesma besteira sobre as máscaras, soltou esta: “Ninguém quer rimar Fukushima com Hiroshima”. Uma falta de respeito à memória do Japão, um desserviço à comunidade brasileira e motivo de vergonha para todos nós, jornalistas”.

Fabiano Maisonnave








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