O drama de um escrivão numa delegacia de polícia civil no interior do MA
Começa pelo papel para impressão dos procedimentos, este de péssima qualidade. A empresa fornecedora/compradora procura o que tem de pior no mercado. É para a Polícia? Qualquer coisa serve! As impressoras são aqueeeeelas, matriciais, a que esta nos auxiliando há mais de 11 (onze) anos, só aqui na DRFI, foi obra filantrópica do Banco do Brasil, nos doou no final da década de noventa, início dos anos dois mil – somos gratos até hoje, acho que a Secretaria de Segurança também, pois não se percebe nenhuma movimentação no sentido de substituí-la. Se ele falasse! Mais já está dando sinais de cansaço. Entre uma impressão e outra, ela para, “respira”, solta aquele “cheiro de queimado”, mas segue, devagarzinho. Em fim, alcança seu objetivo e o nosso também! Graças da Deus.
Um simples clips, grampeador, são alguns acessórios comuns que os Escrivães, choram por um, e não têm a quem recorrer, o jeito é apelar para o próprio bolso.
O que chamamos de cartório, local “reservado” ao Escrivão, para bem desempenhar sua função que é técnica, se confunde com sala de investigação, atendimentos e outras atividades do meio. Voltando ao papel, aquele da impressão, quando dizemos que é de péssima qualidade, é para não usar um termo mais ....., acho que vocês me entenderam. Alguns também soltam “cheiro”. Será material reciclado? E depois não querem nos pagar adicional de insalubridade.
É mais ou menos assim: depois de impresso o documento, retira-se o papel da máquina e aí começa uma “corrida de obstáculos”: retira-se o carbono, depois as bordas do papel e depois, a borda da borda, não entenderam? Eu explico. Imagine o Escrivão/Escrivã três horas da madrugada, lavrando um procedimento, entra um Investigador na sala/“cartório” e diz: - Doutor, outro flagrante! Bom! Imaginem aí o profissional da lavratura tendo que retirar o tal carbono, é aquele mesmo, aquele papelzinho preto, que larga tinta, sujando nossos dedos e se não tiver zelo, suja o papel também. Em seguida, começa a retirada da borda de papel. Depois o que sobra dela, pra quem não sabe, esse papel adquirido pela Secretaria de Segurança, a borda picotada nunca sai no lugar certo, sempre sobra uma “rebarba”. É devido a famosa “QUALIDADE”. Perde-se mais tempo cuidando de papel e suas peculiaridades do que no próprio serviço.
Mas não se aflijam, existem Delegacias em piores condições, agora imaginem a difícil vida do sofrido Escrivão/Escrivã num prédio com o nome escrito na parte externa:
Delegacia de Polícia, onde as ocorrências ainda são lavradas no famoso “livrão” (em pleno século XXI), um computador com uma impressora que só funciona porque a manutenção é feita com recursos dos funcionários. Aí alguém lá de cima vai dizer: “esse Escrivão tá no céu e ainda fica reclamando”. Por outro lado, nós temos uma das aeronaves (helicóptero), mais modernas do mundo, avaliada em alguns milhões, sua manutenção... será que é feita por aqui mesmo? Ou é mão de obra também importada? E o valor? São os nossos mundos, gerados no mesmo ventre, porém, vistos com olhares diferentes ou indiferentes, dependendo da cadeira em que se esteja sentado.
É isso aí!
José Antonio PINHEIRO Silva
Escrivão de Polícia Civil
Fonte: SINPOL-MA.
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