Dilma começa a impor sua autoridade no governo, diz 'FT'


O título acima é do Folha.com, cujo teor da matéria aborda editorial do inglês Financial Times sobre o modo de governar da presidente Dilma Rousseff.

Leia abaixo teor da matéria e o editorial do FT:

A edição desta quarta-feira do jornal britânico "Financial Times" publica editorial elogioso ao governo de Dilma Rousseff, mas aponta também uma série de problemas que a brasileira terá de enfrentar para combater a corrupção e "impor sua autoridade ao governo".

Como exemplo, o jornal aponta a recente "faxina" que levou à baixa de quatro ministros.

Além dos titulares do Transportes (Alfredo Nascimento) e Agricultura (Wagner Rossi), que deixaram o governo após denúncias de corrupção em suas respectivas pastas, também saíram recentemente Antonio Palocci (Casa Civil) --por suspeitas de enriquecimento ilícito--, e Nelson Jobim (Defesa).

Sob o título "A vassoura nova de Dilma", o texto diz que a economia brasileira vai bem, mas que perde boa parte dela com a burocracia excessiva que leva a mais corrupção.

"A postura inflexível de Rousseff com relação à corrupção representa uma mudança louvável ante a atitude de descaso quanto ao assunto que caracteriza os políticos brasileiros há tempo demais --e um novo sinal de que ela começa a impor sua autoridade ao governo que herdou de Luiz Inácio Lula da Silva", diz o editorial.

Outro ponto destacado pelo jornal é a necessidade urgente de uma reforma tributária que "além de dificultar a corrupção, a reforma tributária também faria muito para estimular a competitividade da economia brasileira. Já que o boom das commodities começa a perder o ímpeto, um novo estímulo viria a calhar".

Editorial do "Financial Times" traduzido:

"A vassoura nova de Dilma

Dilma Rousseff passou os últimos três meses desconfortavelmente ocupada. Depois de uma sucessão de alegações de corrupção, a presidente do Brasil perdeu seu ministro do Transporte, o segundo em comando no Ministério da Agricultura e seu chefe da Casa Civil. A postura inflexível de Rousseff com relação à corrupção representa uma mudança louvável ante a atitude de descaso quanto ao assunto que caracteriza os políticos brasileiros há tempo demais --e um novo sinal de que ela começa a impor sua autoridade ao governo que herdou de Luiz Inácio Lula da Silva.

O custo da corrupção é inerentemente difícil de quantificar, mas é significativo. A Federação da Indústria de São Paulo o avalia entre R$ 50 bilhões e R$ 84 bilhões ao ano. Isso equivale a 2% do PIB (Produto Interno Bruto). Com os grandes projetos de infraestrutura em curso para preparar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, há espaço para problemas ainda mais graves. Se o Brasil deseja realizar seu potencial econômico, precisa combater a corrupção vigorosamente.

Há quem se preocupe com a possibilidade de que a postura firme de oposição à corrupção adotada por Rousseff torne impossível governar: prestar favores aos parceiros de coalizão é parte tradicional da política brasileira. Mas como demonstram os acontecimentos recentes na Índia, permitir que a corrupção floresça é perigoso. Rousseff conta com diversos fatores em seu favor. Seus índices de aprovação são bons. Sua maioria no Congresso é ampla o suficiente para sobreviver à deserção de partidos menores. E, talvez o mais importante, o milagre econômico brasileiro criou uma classe média crescente e participativa para a qual combater a corrupção é uma questão importante. A presidente não deveria se deixar dissuadir.

No entanto, Rousseff precisa de mais que nomes novos no governo. Também precisa eliminar a burocracia excessiva, que só serve para alimentar a corrupção.

Uma reforma tributária mais vigorosa seria um bom ponto de partida.

O Banco Mundial estima que uma empresa brasileira precise de 2,6 mil horas para preencher sua declaração de impostos. Enquanto cumprir as leis empresariais brasileiras for tão trabalhoso, funcionários corruptos estarão sempre dispostos a ganhar um dinheirinho rápido pela distribuição de favores.

Além de dificultar a corrupção, a reforma tributária também faria muito para estimular a competitividade da economia brasileira. Já que o boom das commodities começa a perder o ímpeto, um novo estímulo viria a calhar. Rousseff sabe disso e, como muitos de seus predecessores, mencionou a necessidade de reformar o sistema tributário. Mas, ao contrário deles, precisa produzir resultados concretos."

TRADUÇÃO DE PAULO MIGLIACCI

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