Após nomeação de premiê do Hizbollah, protestos tomam Líbano

Partidários de Hariri tomam as ruas de Beirute

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Centenas de manifestantes queimaram pneus e bloquearam estradas ao redor do Líbano nesta terça-feira depois que um político apoiado pelo Hizbollah foi nomeado primeiro-ministro.

A nomeação de Najib Mikati é percebida como uma vitória do Hizbollah, que tenta cancelar um tribunal criado em 2005 com o apoio da ONU (Organização das Nações Unidas) para processar os assassinos do estadista Rafik al Hariri. Acredita-se que o tribunal acuse formalmente integrantes do grupo xiita.

Os muçulmanos sunitas leais ao premiê que deixa o poder, Saad al Hariri --o filho de Rafik que tem o apoio do Ocidente e da Arábia Saudita--, protagonizaram um "dia de fúria" para protestar contra a indicação do bilionário sunita Mikati, parlamentar de centro com laços tanto na Arábia Saudita como na Síria.

A nova força política do Hizbollah também causa preocupação em Washington e em toda a região, especialmente em Israel, que em 2006 travou uma guerra de cinco semanas, em uma tentativa fracassada de destruir a capacidade militar do movimento, que tem o apoio do Irã.

Desde então, as autoridades israelenses ameaçam responder ao arsenal de foguetes do Hizbollah no Líbano, que cresceu com a ajuda da Síria e do Irã.

Mikati --magnata das telecomunicações que se auto-proclamou o candidato do consenso-- disse que iniciaria as conversações para a formação do governo na quinta-feira (27), e apelou a todas as facções libanesas para que superem suas diferenças. "Todos os líderes libaneses devem cooperar, juntos, para enfrentar os desafios atuais", disse ele, do palácio presidencial, depois de aceitar a nomeação do presidente Michel Suleiman.

"Eu reitero minha posição (...) de que minha mão está estendida para que todas as facções participem e encerrem as divisões pelo diálogo", acrescentou.

O Hizbollah e seus aliados abandonaram o governo de união de Hariri este mês, provocando a queda dele depois do fracasso de uma iniciativa síria e saudita em contornar um desacordo sobre o tribunal.

EUA E ISRAEL

A articulação representa um importante revés para Israel e os EUA, que veem o Hizbollah como organização terrorista e é uma grande vitória para o regime do Irã, principal patrocinador do grupo.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou nesta terça-feira que um governo do Hizbollah no Líbano teria "um impacto claro" sobre os laços do país com os Estados Unidos.

Os Estados Unidos e a Espanha compartilham "profunda preocupação" sobre a situação no país e a possível intervenção de forças estrangeiras, disse Hillary à imprensa, ao receber no Departamento de Estado a ministra espanhola de Assuntos Exteriores, Trinidad Jiménez.

Os Estados Unidos consideram o Hizbollah organização terrorista, e apontam, em particular, suas ligações com a Síria e o Irã.

O governo Obama concede uma ajuda econômica e militar ao Líbano. Questionado ontem sobre a possibilidade legal de dar prosseguimento a esta ajuda se o governo libanês for controlado por organização, o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, respondeu que "seria difícil para os Estados Unidos".

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