O magnata das telecomunicações Najib Mikati, candidato a primeiro-ministro apoiado pelo movimento político e milícia xiita Hizbollah, ganhou a maioria dos votos dos parlamentares no Líbano e pode controlar o novo governo do país.
No final da votação desta terça-feira, segundo a agência de notícias Associated Press, Mikati obteve 68 votos contra 60 do atual primeiro-ministro Saad Hariri, cujo governo de união foi derrubado por uma renúncia em massa de dez ministros do Hizbollah e um aliado há 13 dias.
Com a maioria dos votos, Mikati deve receber convite do presidente Michel Suleiman para formar um novo governo de unidade.
Milhares de sunitas foram às ruas do Líbano, agitando bandeiras e queimando pneus, durante um "dia de fúria" contra a ação do Hizbollah para assumir o controle do governo.
A coalizão política liderada pelo Hizbollah, 8 de Março, já anunciara nesta segunda-feira que obteve apoio suficiente para indicar o novo premiê do Líbano e que o escolhido seria o pouco expressivo Mikati, que até ontem era visto como uma figura neutra na conturbada política local.
A maioria de 65 cadeiras no Parlamento libanês, que tem 128 assentos, foi obtida após o anúncio de apoio do líder druso Walid Jumblatt, cujo bloco tem seis assentos.
A articulação representa importante revés para Israel e os EUA, que veem o Hizbollah como organização terrorista e é uma grande vitória para o regime do Irã, principal patrocinador do grupo.
O Hizbollah, misto de partido e milícia xiita cujo poder de fogo é considerado maior do que o das próprias Forças Armadas do Líbano, consolida a posição de principal força política do país.
Hariri já disse que rejeita integrar gabinete dominado pelo Hizbollah. E seus aliados acusaram o grupo de promover um golpe que tornará o Líbano um protetorado iraniano.
Os EUA disseram que a ajuda prestada ao Líbano pode ser prejudicada com o Hizbollah no poder. E no fim de semana Israel --que travou uma guerra com o grupo em 2006-- alertara para um "governo iraniano" no vizinho.
NOVO PREMIÊ
Formado em Harvard, Mikati tem fortuna estimada em US$ 2,5 bilhões e foi premiê por curto período em 2005, depois de a morte do ex-premiê Rafik Hariri levar à saída da Síria.
Ele é sunita, como determina a política libanesa. O sistema libanês divide o poder entre cristãos, sunitas, xiitas e comunidades drusas --o que leva a rivalidades sem fim e um governo sempre baseado em acordos políticos.
Além da proximidade com o Hizbollah, Mikati tem boas relações com Saad Hariri.
A sua escolha para premiê pelo Hizbollah, que poderia ter indicado um nome ainda mais alinhado ao grupo xiita, obriga Hariri ao constrangimento de recusar um ex-aliado e ainda arcar com o ônus de refutar a oferta de participação em governo de união.
Analistas esperam que uma das primeiras medidas do novo governo seja o rompimento com o tribunal que investiga o atentado que matou o ex-premiê Rafik Hariri, pai de Saad, há seis anos.
A resistência de Saad Hariri em fazê-lo foi o que precipitou a saída do Hizbollah do governo, no último dia 12. O líder do Hizbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, disse esperar que membros do grupo estejam na lista de acusados de envolvimento.
O Hizbollah nega qualquer participação no atentado de 2005, que matou Rafik Al Hariri e outras 22 pessoas. O grupo denunciou o tribunal como um projeto de Israel --com quem travou uma guerra em 2006-- e pediu a Saad Al Hariri que rejeite suas conclusões --uma exigência a qual ele tem resistido.
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