Brasil comanda força naval da ONU no Líbano

Militares da força naval da ONU no Líbano
Tariq Saleh, de Beirute

Oficiais da marinha brasileira chegam ao Líbano nesta terça-feira para assumir o comando da unidade marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil, na sigla em inglês).

Segundo informações da Embaixada brasileira no Líbano, o contra-almirante Luiz Henrique Caroli coordenará as operações da Força Tarefa Marítima (MTF, na sigla em inglês), subordinada à Unifil, que atualmente monitora a fronteira entre Líbano e Israel e ajuda o governo libanês a evitar a entrada de armas ilegais no resto de suas fronteiras.

Os militares brasileiros participarão pela primeira vez da frota marítima de uma força de paz, em missão que começou oficialmente no dia 9 de fevereiro, segundo uma portaria do ministro da Defesa, Nelson Jobim.

A MTF iniciou suas atividades em outubro de 2006, logo após a guerra entre o grupo islâmico libanês Hezbollah e Israel.

O contra-almirante Caroli chega acompanhado de oito militares da Marinha brasileira, quatro oficiais e quatro marinheiros. Ele comandará uma frota composta de oito embarcações, 800 oficiais e marinheiros de cinco nacionalidades.

A força naval da Unifil tem a tarefa de patrulhar os 225 quilômetros da costa libanesa e interceptar navios que levem armas ilegais ao país.

Segundo o embaixador brasileiro no Líbano, Paulo Roberto Campos Tarrisse da Fontoura, a contribuição brasileira se encaixa na visão do Itamaraty de um engajamento ativo em missões internacionais.

"O Brasil já tem tradição em missões de paz. Desde 1948, foram mais de 60 missões de paz com a participação de militares brasileiros", disse.

O embaixador disse ainda que, apesar da tradição, essa será a primeira vez que o país fará parte do componente naval em uma missão de paz.

No ano passado, segundo Fontoura, o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon pediu que o Brasil cedesse um contingente da marinha nacional à missão libanesa.

"Os militares brasileiros são conhecidos por sua qualidade e competência", disse o embaixador.

"Em vários níveis do governo libanês eu ouvi elogios ao Brasil por tornar-se parte da força de paz."

Frota

Os navios da MTF são compostos por três embarcações alemãs, duas bengalesas, uma turca, uma indonésia e um navio grego. O comando da força tarefa era exercido pela Itália até o ano passado.

A força naval da ONU deve auxiliar a marinha libanesa a monitorar as águas territoriais do Líbano, cuidar da segurança da costa e prevenir a entrada ilegal por mar de armamentos para dentro do país.

Segundo a Unifil, desde 2006, quando iniciou suas atividades, a MTF interceptou 28 mil embarcações, e encaminhou 400 navios suspeitos às autoridades libanesas para inspeções.

Outro militar brasileiro, o capitão de mar e guerra Gilberto Kerr, está no Líbano desde dezembro de 2010 como chefe de operações navais junto ao comando da Unifil.

A missão de paz no país foi criada em 1978, inicialmente para confirmar a retirada de Israel do Líbano, mas teve, depois, seu mandato alterado em 1982, 2000 e 2006. Hoje, a força tem um contingente de mais de 13 mil soldados de diferentes países. Desde 1978, 275 militares da missão foram mortos no Líbano.

A Unifil é liderada atualmente pelas tropas espanholas, sob o comando do major-general Alberto Asarta Cuevas.

Depois da guerra de 2006, entre Israel e o Hezbollah, o mandato da Unifil foi ampliado e os soldados de paz passaram também a patrulhar a fronteira sul do Líbano.

Os soldados de paz devem ajudar o Exército libanês a prevenir o contrabando de armamento ilegal, manter o controle sobre a região, além de coordenar e manter o cessar-fogo entre o Líbano e Israel.

Segundo a embaixada brasileira, o contra-almirante Luiz Henrique Caroli estará subordinado diretamente ao comandante espanhol Alberto Cuevas.

Texto e foto: BBC Brasil

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