Kadafi comanda resistência de um bunker subterrâneo. Líbia pode virar o Afeganistão do Mediterrâneo, adverte especialista


1. Os 007 das agências de inteligência do Ocidente experimentam dificuldade em avaliar as informações e as contra-informações sobre a Líbia.

Esses 007, por exemplo, descartam a afirmação de Foad Aodi, da denominada Comunidade do Mundo Árabe.

Segundo Foad, o ditador Kadafi “está carregando o seu avião com grande parte dos seus tesouros, em especial ouro, tudo para fugir até um país amigo da África”.

Para os 007 das várias agências de espionagem do Ocidente, Kadafi mantém esperança de conservar a região oeste do país, onde está a capital Trípoli.

O leste, com a populosa  Bengazi,  está totalmente fora do controle do ditador.

Como está marcada para amanhã uma grande manifestação em Trípoli, o tirano Kadafi nem pensa em deslocar os seus mercenários (cerca de 20 mil) e a sua fiel guarda pretoriana  para Bengazi: a distância a ser percorrida é longa (550 km) e o percurso, em razão do controle pelos rebeldes, teria de ser feito pelo deserto.

Kadafi, conforme noticia que acaba de ser dada pela rede televisiva Al Arabiya, estaria num bunker subterrâneo no quartel de Bab al Aziziya, no subúrbio de Trípoli.

Sua guarda especial colocou-o em bunker por temer ataque aéreo da Nato: embora coronel, Kadafi não confia no Exército, nunca o modernizou e nem treinou adequadamente os soldados. Foi com o apoio do Exército que ele deu o golpe de 1969 e destituiu o soberano Al-Senussi.

O temor de ataque da Nato não tem sentido. Na verdade, Kadafi, surpreendido com a revolta popular e a sua magnitude, começa a ter delírios paranóicos. O secretário geral da Nato, Andrés Fogh Rasmussen,  declarou que a Aliança não tem nenhum plano de intervenção na Líbia e não recebeu nenhuma requisição para atacar a Líbia.

2. Hoje e diretamente do bunker, Kadafi soltou uma proposta aos rebeldes, ou seja, depor as armas em troca de anistia.

Para analistas internacionais essa nova postura  revela não deter o ditador o  controle territorial das cercanias de Trípoli.

A informação da proposta de deposição de armas por anistia é da agência Al Arabiya.

A proposta é feita no momento que os rebeldes travam intenso combate com as forças fiéis a Kadafi em Zawaia,  distante a 40 km da capital Trípoli. Para Kadafi, os revoltosos de Zawais foram drogados pela Al Qaeda de Osama bin Laden

3. Duas informações desagradáveis chegaram hoje na parte da manhã a Kadafi. Um dos seus quatro pilotos de confiança fugiu para Viena com a esposa e a filha.

Odd Birger Johansen, consoante informou a Bbc londrina, pediu asilo austríaco, ele que é natural da Noruega. Odd pilotava o jato privado de Kadafi.

O outro informe desagradável a Kadafi foi a passagem para oposição de alguns chefes tribais, apesar das suas generosidades para com todas as tribos. O líder do  Conselho de Anciãos da tribo Werfalla (sul de Trípoli), por exemplo, foi bastante claro e duro para com Kadafi: “Não se pode silenciar diante dos ataques e disparos contra jovens desarmados. Quem não soube governar com sabedoria deve ir embora”.

3.PANO RÁPIDO. Kadafi mantém o controle de Trípoli, mas o cerco aperta.

Os rebeldes já controlam a vizinha Misurata e podem conquistar Zawaia (confira acima).

Os opositores ao regime tirânico de Kedafi, depois de dominarem Bengasi (leste),  partiram para a conquista do oeste, onde está Trípoli. No caminho, conquistaram Ajdabiya e a referida Misurata. E garantiram a retaguarda de Bengasi, na linha litorânea e até a fronteira com o Egito: Dema e Tobruk estão em mãos dos opositores do tirano Kadafi.

Para o especialista Khaled Fouad Allam, a Líbia, com a resistência de Kadafi na região de Trípoli, poderá se transformar no “Afeganistão do Mediterrâneo”.

O coorespondente Gustavo Chacra, da agência Estado, mostra que as três regiões da Líbia (antigas províncias do império Otomano: 1.Tripolitânia-Trípoli, 2. Cyrenaica-Bengasi, 3.Fezzan-Sabha) são inconciliáveis e administradas de forma independente.

Como alertamos em post de ontem, Kadafi é um mitômano. Não se importa em morrer. Importa-lhe, no entanto, morrer de forma gloriosa, como Saddan Hussein: não se importava com o enforcamento e manteve o semblante heróico e a xingar os que assistiam a execução preparada com o aval de George W. Bush.

Do blog Sem Fronteiras, do jurista e professor Wálter Fanganiello Maierovitch (Portal Terra)

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