Campanha no Maranhão revive anticomunismo colérico da Guerra Fria




Que Lobão Filho é rebento do ministro Edison Lobão, que por sua vez prosperou na ditadura e dela se fez propagandista, mantendo boa camaradagem com a turma que fazia o trabalho mais sujo de repressão e extermínio _nada disso é novidade.

O novo é que, candidato ao governo do Maranhão com o patrocínio da governadora Roseana Sarney e do senador José Sarney, o senador Lobão Filho apelou para a baixaria mais desclassificante em sua campanha. Incorporou o anticomunismo raivoso, dos tempos da Guerra Fria, para atacar o principal adversário, Flávio Dino.

Lobão Filho, como seu pai e os dois próceres do clã Sarney, integra o PMDB. Flávio Dino, o PC do B.

No panfleto reproduzido hoje na coluna do Ancelmo Gois (imagem acima), Lobão Filho aparece ao lado de um papa, em contraste com o oponente comunista, representado por um espectro carimbado com a foice e o martelo.

Tempo, tempo, tempo…

O velho MDB se opunha à ditadura.

O jovem deputado José Sarney (UDN-MA) foi um dos signatários do manifesto que convocou uma conferência de solidariedade a Cuba, realizada em 1963, como contei na biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo'' (Companhia das Letras).

Em 2014, a seção maranhense do Partido dos Trabalhadores fecha com Lobão Filho, contra Flávio Dino.

Na década de 1980, o PT fazia oposição renhida ao governo do presidente José Sarney, que por sua vez contava com o apoio do PC do B.

Em 2006, cobrindo a eleição no Amapá, eu testemunhei o PT ao lado de José Sarney, candidato ao Senado, contra uma candidata de esquerda, do PSB.

Mas se associar a uma campanha radical anticomunista, semeando o ódio e a intolerância, eu nunca tinha visto.

Por isso, vale a pergunta do Ancelmo ao presidente do PT: “Isto pode, Rui Falcão?''.

Sobre o autor

Mário Magalhães nasceu no Rio em 1964. Formou-se em jornalismo na UFRJ. Trabalhou nos jornais “Folha de S. Paulo”, “O Estado de S. Paulo”, “O Globo” e “Tribuna da Imprensa”. Recebeu mais de 20 prêmios. É autor da biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”.

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